Por José Reis
Estava tudo preparado – mais alguns dias de
agitação e, no 1 de julho, com a greve nacional, um pilantra acionaria o
Supremo Tribunal Federal argumentando que diante da confusão reinante, das
perdas do Brasil com a depreciação do real diante das outras moedas e da
impossibilidade de se governar só havia uma solução – o impeachment da
presidenta.
Joaquim Barbosa
faria um sorriso de envaidecido, já sonhando com a faixa presidencial, e daria
provimento imediato à demanda. E o STF que, no caso Battisti, queria mas não
pôde enquadrar o ex-presidente Lula, assumiria o controle político do país,
retirando Dilma do poder.
Para garantir o golpe, legal como foi o do Paraguai, haveria a rede da grande mídia, com a Globo caprichando nos closes dos ministros togados favoráveis ao impeachment.
Para garantir o golpe, legal como foi o do Paraguai, haveria a rede da grande mídia, com a Globo caprichando nos closes dos ministros togados favoráveis ao impeachment.
E a Veja lançaria a
capa sacralizando o golpe – o “STJ
cassa (ou caça ?) Dilma”. Em letras grandes, as primeiras medidas a serem
tomadas por quem assumisse o poder – acabar com as bolsas escola e família, abrigar
a lei em defesa das domésticas, privatizar a Petrobrás, acabar com as cotas
universitárias em favor de negros e índios, privatizar o ensino e a saúde,
acabar com a maioria dos ministérios e secretarias de governo dentro de um
plano neoliberal de reduzir o Estado ao mínimo e abrindo nossas fronteiras a
todo e qualquer capital estrangeiro, numa espécie de suk ou mercado livre de
nossas riquezas.
Só que Dilma foi
rápida na reação, impedindo que as manifestações iniciadas com justos protestos
contra o aumento de passagens de transportes públicos, acabassem sendo
recuperadas por setores menos interessados pelo povo e mais por assumir o
poder, a fim de reverter todas as conquistas sociais dos últimos anos.
Muitos dos reclamos
dos manifestantes correspondiam às necessidades da população e constituíam
falhas cometidas pelo governo, no afã de construir uma base governável. Feita a
autocrítica, tomada a palmada na bunda, era preciso, e logo, garantir terem
sido ouvidos os protestos.
O plebiscito por uma assembléia constituinte evita que fique com o STF a decisão sobre quem governa, e restitui ao povo sua soberania. É um sabor de democracia participativa ou de democracia direta, que os suíços utilizam com freqüência.
O plebiscito por uma assembléia constituinte evita que fique com o STF a decisão sobre quem governa, e restitui ao povo sua soberania. É um sabor de democracia participativa ou de democracia direta, que os suíços utilizam com freqüência.
O povo nas ruas fez
uma série de reivindicações que serão catalogadas para se transformarem em lei
por uma assembléia constituinte.
É verdade que, depois do encontro da presidenta Dilma com a direção da OAB, surgiram dúvidas no Planalto, se o caminho a seguir é realmente o de se convocar uma Constituinte, capaz de mudar a Constituição, dentro do projeto de Reformas políticas.
É verdade que, depois do encontro da presidenta Dilma com a direção da OAB, surgiram dúvidas no Planalto, se o caminho a seguir é realmente o de se convocar uma Constituinte, capaz de mudar a Constituição, dentro do projeto de Reformas políticas.
O ideal seria a
presidenta Dilma não ceder à OAB, que embora tenha ações louváveis e de
vanguarda em diversos setores, não deixa de ser o lobby do atual establishment
jurídico brasileiro, cujo emaranhado dificulta o combate à corrupção no Brasil.
Principalmente quando Dilma diz querer tornar a corrupção num crime hediondo.
Como aplicar uma
Reforma política sem uma Constituinte ? Tão logo seja submetido o plebiscito ao
povo e aceito, o governo Dilma deveria convocar a assembléia. Como nosso regime
presidencialista não permite a dissolução do parlamento, a Constituinte se
faria com os atuais parlamentares. Haveria o risco de entraves e mesmo de
algumas leis serem desvirtuadas, mas esse é o risco da democracia direta.
Mas não se pode
esquecer que feitas as Reformas na atual Constituição, teriam de ser aprovadas
num referendo submetido ao povo. Se as reformas aprovadas não corresponderem
aos anseios populares, elas poderão ser rejeitadas.
Em todo caso, seja
qual for a decisão tomada, o Brasil, que evita reprimir as manifestações e que
aceita discutir soluções com os manifestantes, dá uma grande prova de
democracia para o mundo. Mesmo a Europa não tem esse jogo de cintura com os
manifestantes.
Fonte: Jornal do Brasil
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