Redação: Surfando Com a Notícia
Prof. José Reis
O Papa Francisco,
durante a Jornada Mundial da Juventude do Rio de Janeiro, que começa na próxima
segunda-feira (22), irá "conclamar os governos a escutar as ruas" e
indicará "as linhas básicas que darão a tônica de seu pontificado". O
pontífice tem ligações estreitas com a tendência argentina da Teologia da
Libertação e colocará a Igreja ao lado dos pobres, aproximando-se dos preceitos
da Teologia da Libertação, movimento que reformulou a atuação da Igreja na
América Latina e do qual Boff é um dos maiores expoentes. A Teologia da
Libertação sempre esteve presente. Uma coisa é a oposição que tinha o Vaticano,
que ouvia muito mais os críticos da Teologia. Outra coisa é a Igreja no Brasil
e na América Latina, que vem da linha pastoral.
O próprio MST (Movimento dos
Trabalhadores Rurais Sem Terra) é criação da Igreja da Libertação, nascido de
uma sacristia. O PT (Partido dos Trabalhadores) teve como fundadores as igrejas
de base. Aqui a Teologia sempre esteve presente. Ocorre que, como era polêmica,
tinha certa invisibilidade. Com o processo de secularização, o sagrado na Igreja
ficou restrito às imagens. A outra dimensão é de dar mais visibilidade à Igreja
e ao cristianismo. Francisco vai ter uma visão mais aberta. Ele coloca o acento
não na Igreja, mas nos povos do mundo. Ele enfatiza que Deus é de todos, não só
dos católicos.
O papa admite que a
Igreja e todos nós estamos confusos sobre o caminho da humanidade, mas temos
que cuidar da terra, um dos outros, caso contrário vamos ao encontro de uma
grande catástrofe. Ele procura descobrir como o cristianismo pode ajudar a
evitar essa catástrofe.
Francisco vai fazer uma
conclamação para os governos escutarem as ruas, escutarem os jovens. As causas
deles são verdadeiras, e os governos têm de escutá-los. Eles reclamam por mais
participação, por uma democracia com o povo. Ele vai desafiar os jovens com seu
entusiasmo, seu senso de sonho, utopia. Ele tem uma perspectiva bem diferente
do Bento 16, que mantinha um diálogo difícil com a modernidade. Acho que essa
jornada vai ser um desafio para os jovens de inaugurar uma nova fase da Igreja.
Antes de iniciar
reformas na Cúria Romana, Francisco reformou o próprio papado. Ele é um papa
que deixa o palácio, mora onde todos os hóspedes moram, renuncia a títulos de
poder, se sente mais Bispo de Roma do que papa e pede para não ser chamado de
sua santidade. Com isso, ele quer dizer 'nós somos irmãos ou irmãs', 'estou no
meio de vocês'. É uma perspectiva diferente, mais ligada à vida cotidiana dos
fiéis, à capacidade de perdão e misericórdia. Na Jornada, ele dará as linhas
básicas que vão ser a tônica do seu papado. Ele já deu sinais de que defende a
abertura de diálogo com judeus e muçulmanos.
Nenhum comentário :
Postar um comentário
Obrigado pelo(s) seu(s) comentário(s)