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sexta-feira, 5 de julho de 2013

Implementação De Terapia que Evita Infecção por HIV Vai Ser Testada no Brasil

Por Stella Rios

Uma pesquisa coordenada pela Fundação Oswaldo Cruz vai avaliar uma forma de implementar no país o uso do medicamento antirretroviral Truvada como forma de evitar a transmissão do HIV em populações mais vulneráveis.
Serão recrutados, a partir do fim de agosto, 400 homens que fazem sexo com homens: 200 no Rio e 200 em São Paulo. O estudo será feito em parceria com a Faculdade de Medicina da USP e o Centro de Referência e Treinamento DST/Aids de São Paulo.

De acordo com a infectologista Brenda Hoagland, que coordena o estudo na Fiocruz, o medicamento será fornecido aos voluntários por um ano.
A eficácia e a segurança do Truvada para evitar a infecção por HIV já foi demonstrada. Um estudo multicêntrico cujos resultados foram publicados em 2010 e no qual houve participação de voluntários do Brasil, mostrou que a terapia reduziu o risco de infecção em até 94,9%. A pesquisa incluiu 2.499 homens em 11 centros de estudo.
O objetivo agora, diz Hoagland, é avaliar, numa situação de vida real, como seria a melhor forma de implementar o uso da droga como profilaxia. "Já sabemos que o remédio é eficaz. Queremos demonstrar na realidade do Brasil como oferecer essa profilaxia."
É preciso ver, por exemplo, se os pacientes vão usar o medicamento todos os dias conforme o indicado. Uma falha na administração do remédio pode deixá-los mais vulneráveis à infecção, por exemplo. O melhor local para distribuição dos comprimidos também precisa ser avaliado, segundo a infectologista.
Um risco do uso profilático do antirretroviral é o caso de um paciente se tornar soropositivo durante o uso do remédio e descobrir só mais tarde. Quando ele der início ao tratamento antirretroviral, poderá já ter começado a desenvolver resistência ao tratamento.
No ano passado, a FDA (agência reguladora de medicamentos nos EUA) aprovou a indicação do Truvada como terapia profilática contra o HIV.
No Brasil, no entanto, o remédio ainda só tem aprovação como terapia para quem já está infectado, o que precisaria mudar para que ele fosse adotado como terapia profilática. O antirretroviral, que combina as substâncias tenofovir e a emtricitabina, também não é distribuído aos soropositivos na rede pública no Brasil.
A pesquisadora da Fiocruz diz que as conclusões do estudo que começa agora, esperadas para 2016, devem ajudar o governo a embasar sua decisão sobre a adoção dessa terapia.
Para o infectologista Caio Rosenthal, do Instituto Emílio Ribas, a terapia preventiva é um dos caminhos para que a transmissão do HIV acabe. "Se todos com HIV estiverem em tratamento, com carga viral indetectável, e quem estiver em risco se proteger, não vai haver hospedeiro para o vírus."
A terapia profilática não substitui o uso da camisinha.
Fonte: Folha de São Paulo

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