Por Luciano Ribeiro
Este mês ocorrerá a aguardada visita do papa Francisco ao Brasil. Ele participará da Jornada Mundial da Juventude, no Rio de Janeiro. Entre os especialistas há o consenso que a Igreja Católica do Brasil (e de toda a América Latina) enfrenta sérios desafios que estão resultando na constante perda de fieis.
As lideranças católicas precisam tentar oferecer respostas às necessidades do povo, como o combate à pobreza e o debate sobre questões sociais que surgiram com força na política, como a legalização do aborto e do casamento gay. Um grande desafio é o catolicismo deixar de ser uma religião “declarativa” e possa voltar a ver um compromisso real de seus fiéis com o que ela ensina.
As lideranças católicas precisam tentar oferecer respostas às necessidades do povo, como o combate à pobreza e o debate sobre questões sociais que surgiram com força na política, como a legalização do aborto e do casamento gay. Um grande desafio é o catolicismo deixar de ser uma religião “declarativa” e possa voltar a ver um compromisso real de seus fiéis com o que ela ensina.
O padre Pedro Gilberto Gomes, professor na Universidade do Vale do Rio dos Sinos, Rio Grande do Sul, explica: “Quando você é apenas declarativo, você pode mudar de religião de acordo com o momento em que está vivendo, em busca de respostas mais rápidas e concretas”.
Numa análise teológica, o professor Francisco Borba, coordenador do Núcleo Fé e Cultura da PUC-SP, credita o sucesso dos evangélicos pentecostais porque conseguiram criar uma “ponte entre o místico e o material” de um modo mais direto e concreto que a Igreja Católica. “Para a Igreja Católica, o que muda a sociedade é o comportamento dos cristãos, a mudança não vem de Deus”, explica.
Ele diz que no Brasil ainda é forte na Igreja Católica o chamado “cristianismo popular”. Embora tenha como figura principal Jesus Cristo, essa variação do cristianismo é marcada pelo desconhecimento dos ensinamentos do magistério romano e uma série de sincretismos, uma vez que no Brasil há forte presença de sincretismo e da influência das religiões afro-brasileiras.
Sendo assim, os especialistas percebem que a maioria da população, apesar de muitas vezes se denominar católica, não tem uma vida ativa dentro da Igreja.
Segundo o último censo feito pelo IBGE em 2010, 64,6% da população se considerava católica, contra 73,6% em 2000. O Brasil ainda é o país que abriga o maior número de católicos do mundo. Enquanto isso, os evangélicos passaram de 15,4% em 2000 para 22,2% em 2010. Contudo, esse rápido declínio é visto também no México, segundo país que mais abriga católicos, onde a queda do número de fieis foi de 88% para 83% da população. Lá os evangélicos também cresceram, mas não na mesma velocidade.
A visita do papa Francisco, que é argentino e conhece bem a realidade dos católicos sul-americanos, é “agenda” para tentar fazer com que a Jornada Mundial da Juventude una os católicos do país.
“Existe um novo modo de relacionamento (com os fiéis) que o papa Francisco está tocando e com isso ele poderá realmente trazer um pouco mais de ânimo para os católicos no Brasil, que ultimamente estavam com a autoestima baixa, em muito por causa dos grandes escândalos.”, acredita o professor Gomes.
A visita papal também deve reforçar os preceitos do documento final da Conferência de Aparecida, realizada em 2007. Na ocasião, um dos redatores foi o cardeal Jorge Mario Bergoglio, o atual papa. O texto tem uma forte mensagem evangelizadora, prega que a Igreja vá até o povo, em vez de esperar que o povo vá à Igreja. Só assim seria possível enfrentar as grandes crises da Igreja, incluindo o avanço dos evangélicos e os escândalos de abusos sexuais.
Fonte: Gospel Prime
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