Por Luciano Ribeiro
A questão é o
caso da mulher que faz sexo com um desconhecido. Muitos se chocam com o relato
da experiência vivida por ela. Entretanto, amor e sexo são impulsos totalmente
independentes e pode haver prazer sexual pleno desvinculado das aspirações românticas.
Podemos encontrar a resposta na expectativa social a respeito da sexualidade
feminina. Se uma mulher foge ao padrão de comportamento tradicional, ou seja,
não esconde que gosta de sexo, é inacreditável, mas ainda corre o risco de ser
depreciada. As próprias mulheres participam desse coro, ajudando a recriminar
as outras, que conseguiram romper a barreira da repressão e exercem livremente
sua sexualidade. Para o homem é diferente. Fazer sexo com uma mulher no mesmo
dia em que a conhece é considerado natural, ele até se valoriza por isso. A
recusa de muitas mulheres não é por falta de desejo. É a submissão ao homem, ou
seja, a crença de que tem que corresponder à expectativa dele.
A partir daí
inicia-se uma encenação, onde o script é sempre o mesmo: o homem pode fazer
sexo, a mulher não. Ele insiste, ela recusa. Os dois estão com muito tesão, mas
ele continua insistindo e ela continua dizendo não. Ela acredita que, se ceder,
ele não vai se dispor a dar uma continuidade à relação. Vai sumir logo depois
do orgasmo. Há homens, moralistas e preconceituosos, que somem mesmo.A luta
interna entre os antigos e os novos valores não está concluída. Alguns se
sentem obrigados a depreciar a mulher, que sentiu tanto desejo quanto eles e
não fingiu. Afinal, em que encontro a mulher pode fazer sexo com um homem? No
segundo, terceiro, sexto? Qual? O grau de intimidade que você sente na relação
com uma pessoa não depende do tempo que você a conhece. Para um sexo ser ótimo
basta haver muito desejo e sintonia entre os parceiros. E uma camisinha no
bolso, claro. Estamos vivendo um momento de transição, em que os antigos
valores estão sendo questionados, mas novas formas de pensar e viver, ainda
causa medo pelo desconhecido. Há os que sofrem por se sentir impotentes para fazer
escolhas livres, mas o fim de muitos tabus a respeito do sexo é só uma questão
de tempo.
diversos
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