Rotina, filhos, pais e
até a net são desafios da vida a dois. E como evitar desgastes e distanciamento
A vida do casal depois
da lua-de-mel não é feita só de romance. A rotina revela vilões que muitas
vezes colocam o encanto e o amor em perigo. Os jantares em restaurantes
descolados dão lugar ao lanche rápido no balcão da cozinha, e o tempo
compartilhado ao final do dia, quem diria, agora é usado para jogar videogame,
ver futebol ou ficar na net.
Sim, as mudanças são
naturais ao longo do tempo, porém é preciso atentar para os exageros em busca
de relações mais harmoniosas e satisfatórias para os dois lados. Feras em
terapia de casal e autoras de livros sobre o assunto, Lidia Aratangy e
Magdalena Ramos apontam caminhos para lidar com os seis potenciais vilões do
casamento e do sexo.
1.Tarefas domésticas
Dividir o mesmo teto
significa dividir também a pilha de louça para lavar. E as brigas envolvendo
trabalhos domésticos são comuns. Se a trabalhosa compra do mês e os copos fora
do lugar andam disparando discussões, "então está na hora de distribuir as
tarefas de maneira justa", avalia a mediadora de conflitos Magdalena
Ramos. A recomendação é que cada um escolha as responsabilidades de acordo com
suas habilidades e preferências, mesmo que tenham feito tudo diferente por
vários anos. “As mulheres tendem a pegar mais coisas para fazer, porém com o
tempo começam a se ressentir e reclamar”, alerta. Segundo a terapeuta Lidia
Aratangy, não deve existir o conceito de “ajudar em casa”, já que a
responsabilidade é igual para os dois. A hora da faxina – ou mesmo a orientação
de uma faxineira – deve servir como um exercício de companheirismo, e não virar
um cabo de guerra.
É preciso
companheirismo na hora da faxina e organização
2. As crianças
É consenso entre os
especialistas que os filhos reduzem o tempo a sós do casal e a rotina sexual –
reduzem, não eliminam. Os primeiros anos são os mais difíceis. “É uma temporada
sem ‘eu e você’. Paciência, isso volta“, diz Magdalena. Separar um momento
diário para conversar e brincar com as crianças é uma tentativa para que elas
interrompam menos os pais durante outras atividades. “Quando eles sabem que
terão um espaço para serem ouvidos, não ficam insistindo e atrapalhando”, diz
Aratangy. De acordo com Magdalena, é normal que os pais discordem com o estilo
do outro de educar. O caminho para evitar conflitos é realmente conversar e
tentar um equilíbrio construtivo.
Amantes ou pais? Depois
dos filhos é normal essa divisão ficar complicada.
3. Televisão,
computador e videogame
Como é bom chegar em
casa e simplesmente relaxar. Televisão, jogos eletrônicos e novelas não são
inimigos do casamento, desde que não isolem um dos pares. “Muita gente mora sob
o mesmo teto, mas não compartilha nada. Em função disso, não constroem uma relação”,
aponta Magdalena. Com o tempo, a distância entre os dois cresce e o tédio
aumenta. Contudo, abrir totalmente mão de fazer o que gosta também não é o
caminho. “É uma equação complicada conciliar o território das coisas
partilhadas com os interesses individuais, que precisam ser mantidos”, avalia
Lidia. “Um bom antídoto é perguntar como foi o dia do outro, escutar, esse já é
um grande passo”, diz. Outra boa ideia é incluir o(a) parceiro(a) no programa –
que tal jogar em equipe?
É um desafio conciliar
o tempo livre entre a convivência e a diversão .
4. Descuido como corpo
Compartilhar um pote de
sorvete durante o filme, preparar aquela receita calórica ou bebericar todos os
dias num happy hour caseiro; quem não gosta? Pesquisas revelam que o casamento
faz bem para a saúde, mas engorda. Além disso, a natural sensação de segurança
pode gerar certo relaxamento, que até pode ser bom, desde que não vire
desleixo. “Não precisa estar de salto alto, mas também não precisa estar com a
camiseta furada”, diz Aratangy. O descuido, ela conta, demonstra falta de
interesse: homens e mulheres deixam de se cuidar porque acham que não são mais
notados ou avaliados da mesma maneira pelo(a) parceiro(a). Assim, elogios podem
estimular a autoestima e o desejo de caprichar mais no visual. O primeiro
passo, no entanto, é cuidar da própria imagem.
Casamento não é
desculpa para descuidar da balança ou da depilação
5. Intimidade demais
Atenção para não
confundir intimidade com falta de boas maneiras. Como os dois passam muito
tempo juntos, é natural que não tenham vergonha um do outro. Isso é bom, mas
com limites. “Fechar a porta para fazer xixi é sinal de respeito e dignidade, e
isso tem que ser mantido”, exemplifica Lidia. Ela diz que a acomodação leva os
casais a compartilharem demais: acham que se conhecem tanto que não há mais
surpresas. A partir daí não demora muito para alguém espremer uma espinha ou
até soltar gases na frente do outro. E assim aquele mistério, que tempera a
relação, fica ameaçado.
Banheiro de porta fechada "é sinal de
respeito e dignidade"
6. Rotina e cansaço
É natural que o cansaço
do dia a dia desestimule a interação entre os pares. Porém, desfrutar dos momentos
juntos é fundamental para manter a saúde da união. Jantar separados ou na
frente da televisão desperdiça um horário de troca precioso. Claro, a vida não
é uma festa, todo mundo pode ter um dia ruim no trabalho ou estresse no
trânsito. Assim, saber como administrar isso e, principalmente, não descontar o
nervosismo no outro, é prática dos casais felizes. As brigas não devem se
tornar constantes e permanentes, esperando que o dia a dia fique mais fácil ou
com menos cobranças. “O casal maduro tem uma lógica equilibrada e adequada. Às
vezes precisamos dispensar algumas discussões e viver mais a relação”, avalia
Lidia.
CoisasdeCasais
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