Surfando Com a Notícia
“Muito precocemente Obama parece ter esgotado completamente
os sonhos com que foi eleito há cinco anos e com as esperanças com que foi
reeleito há um ano.
Completa-se um ano da reeleição do Obama e nada indica que
seu mandato será distinto do primeiro. Nada de terminar com Guantanamo, as
guerras do Iraque e do Afeganistão não amainam, não desencalha a reforma da
saúde e não consegue aprovar a nova lei de imigração. Muito cedo o Obama virou
pato manco. É como se seu mandato começasse a terminar precocemente.
Até no plano da política internacional as coisas estão longe
do que Obama planejava. No começo do ano, tinha em perspectiva um ataque à
Síria, que debilitasse o governo do Assad, acreditando que retomaria as
negociações de Genebra, com o suposto da saída do presidente atual como
condição.
Obama não conseguiu criaar as condições politicas para
militarizar o conflito, como os EUA costumam fazer. Perdeu o apoio da Grã
Bretanha, dos norte-americanos, até mesmo dos militares dos EUA. Teve que se
somar à iniciativa russa de negociações de paz, que se afirmam como a via de
solução do conflito sírio.
O passo seguinte, que seria o de passar da derrota do governo
do Assad ao isolamento do Irã e a abertura da via para o ataque ao Irã, não
pôde concretizar-se. Ao contrário, o que parecia impossível no começo do ano,
se concretiza: negociações diretas dos EUA com o Irã. Nos dois casos, Síria e
Irã, se está prestes à assinatura de acordos de paz, para desespero de Israel,
da Arábia Saudita e do Kuait.
A projeção da Rússia como agente de negociações de paz no
mundo e a da imagem de Putin como líder mais poderoso do que Obama,
complementam um quadro internacional que teve inflexões importantes nestes
últimos meses.
Não faltasse todo esse cenário, os escândalos de espionagem
denunciados por Snowden, não param de provocar desgastes aos EUA, até com seus
aliados mais próximos, como a Alemanha a França e o México.
Muito precocemente Obama parece ter esgotado completamente
os sonhos com que foi eleito há cinco anos e com as esperanças com que foi
reeleito há um ano. Entram os EUA em ano de eleições parlamentares e os
cenários presidenciais começam a ser desenhados, entre um novo líder
republicano e a nova tentativa de Hilary para ser a candidata dos democratas.
Para quem foi eleito como o primeiro presidente
norte-americano, depois do desgaste de George Bush, numa bela campanha, o fim
do mandato de Obama é melancólico, sem nem sequer garantir que poderá eleger
seu sucessor. Mais um sintoma do longo processo de decadência da hegemonia
norte-americana no mundo. Também no plano político – além do econômico – se
desenha o mundo multipolar do século XXI.”( CartaMaior)
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