Por Luciano Ribeiro
A questão de saber se o
álcool ou a maconha é pior para a saúde está a ser novamente debatida, mas
desta vez foi provocada por comentários que Barack Obama fez numa entrevista
recente à revista The New Yorker.
"Como tem sido bem
documentado, eu fumava maconha quando era mais jovem, e eu vejo-o como um mau
hábito e um vício, não muito diferente dos cigarros que fumava", disse
Obama durante a entrevista. "Eu não acho que seja mais perigoso do que o
álcool", acrescentou.
Mas quão fiável é a
comparação entre essas substâncias? Embora ambos sejam tóxicos se usados para
fins recreativos, a sua legalidade, os padrões
de consumo e os efeitos a longo prazo sobre o corpo podem tornar ambos difíceis de comparar.
Tanto o consumo de álcool
como de maconha podem ter efeitos no corpo, afetando a saúde a curto e longo
prazo, embora o álcool tem sido associado a mais mortes por ano. E a pesquisa
em saúde dos efeitos da maconha ainda está na sua infância, em comparação com
os estudos rigorosos acerca do álcool e do seu impacto na saúde humana.
Consequências para a saúde
a curto prazo
Beber muito álcool pode
rapidamente matar uma pessoa. A impossibilidade de metabolizar o álcool tão
rapidamente como é consumido pode conduzir a uma acumulação de álcool no
cérebro que desliga áreas necessárias para a sobrevivência, tais como as
envolvidas no batimento cardíaco e respiração.
A maconha afeta o sistema
cardiovascular, aumentando a frequência cardíaca e a pressão arterial, mas uma
pessoa não pode tão facimente morrer de overdose de maconha como se pode morrer
com o álcool.
De igual forma, o álcool é
mais provável do que a maconha para interagir com outras drogas. A maneira como
o álcool é metabolizado no corpo é comum a muitas drogas que são tomadas para
uma variedade de condições.
Isso significa que para as
pessoas que tomam drogas ou medicamentos, o álcool pode aumenta ou diminuir os
níveis da droga ativa no organismo. Ainda assim, ambas as drogas podem afetar a
saúde de forma indireta.
A maconha pode prejudicar
a coordenação e o equilíbrio, existindo o risco de se ferir, especialmente se
alguém estiver a conduzir ou tiver relações desprotegidas, uma vez que as suas
inibições são reduzidas.
Consequências para a saúde
a longo prazo
Os efeitos a longo prazo
de beber muito são bem conhecidos. O excesso de álcool leva a consequências
muito graves, e o excesso crónico de álcool é susceptível de conduzir a uma
série de ameaças, como a doença hepática alcoólica, que pode evoluir para
fibrose do fígado, que pode potencialmente levar ao cancro do fígado.
Por outro lado, os efeitos
do uso crónico de maconha não estão tão bem estabelecidos. Estudos em animais
indicam algum possível impacto na reprodução. Além disso, há evidências de que
a maconha possa piorar problemas psiquiátricos em pessoas que estão
predispostas a eles, ou que os faça surgir numa idade mais jovem.
Porque a droga é
geralmente fumada, pode levar a bronquite, tosse e inflamação crónica das vias
aéreas. Mas, enquanto os primeiros estudos mostraram alguma evidência ligando a
maconha a cancro do pulmão, estudos subsequentes desmascararam essa associação.
Não está claro por que a
fumaça da maconha não tem o mesmo resultado que o fumo do tabaco nos pulmões.
Talvez alguns compostos benéficos na fumaça de maconha anulem os efeitos
nocivos, ou talvez os outros hábitos de saúde dos fumantes de maconha sejam
diferentes daquelas que fumam cigarros.
Mas o cigarro tem um papel
complicado ao estudar-se o impacto da fumaça da maconha. Os fumantes de maconha
tendem a fumar muito menos do que os fumantes de cigarros. Além disso, os
pesquisadores que procuram estudar o uso da maconha a longo prazo têm tido
dificuldade em encontrar pessoas que fumam maconha regularmente, mas que não
fumem cigarros de tabaco.
E a ilegalidade da maconha
também tem limitado a pesquisa neste campo. Para a maconha, grande parte da
preocupação é com os jovens que usam a droga, porque esta interfere com o
desenvolvimento do cérebro, enquanto ele ainda está a amadurecer. Fumar maconha
interfere com conexões que estão a ser criadas no cérebro.
Benefícios
Não há nenhum uso médico
conhecido para o consumo de álcool, mas há benefícios à saúde observados em
bebedores moderados, incluindo menores taxas de doença cardiovascular e,
possivelmente, menos resfriados.
Quanto à maconha, cuja
legalização para usos médicos tem sido um assunto de forte debate público há anos,
há ampla evidência de que compostos benéficos para a saúde podem ser
encontrados na planta.
Uma vez que os produtos
químicos sejam colocados numa forma pura, e os pesquisadores entendam os seus
efeitos sobre o corpo, eles poderiam ser colocados em ensaios clínicos para uso
em cancro, esclerose múltipla, diabetes, glaucoma e outras doenças.(ciencia-online)
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