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sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Álcool vs Maconha

Surfando Com a Notícia
Por Luciano Ribeiro

A questão de saber se o álcool ou a maconha é pior para a saúde está a ser novamente debatida, mas desta vez foi provocada por comentários que Barack Obama fez numa entrevista recente à revista The New Yorker.

"Como tem sido bem documentado, eu fumava maconha quando era mais jovem, e eu vejo-o como um mau hábito e um vício, não muito diferente dos cigarros que fumava", disse Obama durante a entrevista. "Eu não acho que seja mais perigoso do que o álcool", acrescentou.


Mas quão fiável é a comparação entre essas substâncias? Embora ambos sejam tóxicos se usados ​​para fins recreativos, a sua legalidade, os padrões de consumo e os efeitos a longo prazo sobre o corpo podem tornar ambos difíceis de comparar.

Tanto o consumo de álcool como de maconha podem ter efeitos no corpo, afetando a saúde a curto e longo prazo, embora o álcool tem sido associado a mais mortes por ano. E a pesquisa em saúde dos efeitos da maconha ainda está na sua infância, em comparação com os estudos rigorosos acerca do álcool e do seu impacto na saúde humana.

Consequências para a saúde a curto prazo

Beber muito álcool pode rapidamente matar uma pessoa. A impossibilidade de metabolizar o álcool tão rapidamente como é consumido pode conduzir a uma acumulação de álcool no cérebro que desliga áreas necessárias para a sobrevivência, tais como as envolvidas no batimento cardíaco e respiração.

A maconha afeta o sistema cardiovascular, aumentando a frequência cardíaca e a pressão arterial, mas uma pessoa não pode tão facimente morrer de overdose de maconha como se pode morrer com o álcool.

De igual forma, o álcool é mais provável do que a maconha para interagir com outras drogas. A maneira como o álcool é metabolizado no corpo é comum a muitas drogas que são tomadas para uma variedade de condições.

Isso significa que para as pessoas que tomam drogas ou medicamentos, o álcool pode aumenta ou diminuir os níveis da droga ativa no organismo. Ainda assim, ambas as drogas podem afetar a saúde de forma indireta.

A maconha pode prejudicar a coordenação e o equilíbrio, existindo o risco de se ferir, especialmente se alguém estiver a conduzir ou tiver relações desprotegidas, uma vez que as suas inibições são reduzidas.

Consequências para a saúde a longo prazo

Os efeitos a longo prazo de beber muito são bem conhecidos. O excesso de álcool leva a consequências muito graves, e o excesso crónico de álcool é susceptível de conduzir a uma série de ameaças, como a doença hepática alcoólica, que pode evoluir para fibrose do fígado, que pode potencialmente levar ao cancro do fígado.

Por outro lado, os efeitos do uso crónico de maconha não estão tão bem estabelecidos. Estudos em animais indicam algum possível impacto na reprodução. Além disso, há evidências de que a maconha possa piorar problemas psiquiátricos em pessoas que estão predispostas a eles, ou que os faça surgir numa idade mais jovem.

Porque a droga é geralmente fumada, pode levar a bronquite, tosse e inflamação crónica das vias aéreas. Mas, enquanto os primeiros estudos mostraram alguma evidência ligando a maconha a cancro do pulmão, estudos subsequentes desmascararam essa associação.

Não está claro por que a fumaça da maconha não tem o mesmo resultado que o fumo do tabaco nos pulmões. Talvez alguns compostos benéficos na fumaça de maconha anulem os efeitos nocivos, ou talvez os outros hábitos de saúde dos fumantes de maconha sejam diferentes daquelas que fumam cigarros.

Mas o cigarro tem um papel complicado ao estudar-se o impacto da fumaça da maconha. Os fumantes de maconha tendem a fumar muito menos do que os fumantes de cigarros. Além disso, os pesquisadores que procuram estudar o uso da maconha a longo prazo têm tido dificuldade em encontrar pessoas que fumam maconha regularmente, mas que não fumem cigarros de tabaco.

E a ilegalidade da maconha também tem limitado a pesquisa neste campo. Para a maconha, grande parte da preocupação é com os jovens que usam a droga, porque esta interfere com o desenvolvimento do cérebro, enquanto ele ainda está a amadurecer. Fumar maconha interfere com conexões que estão a ser criadas no cérebro.

Benefícios

Não há nenhum uso médico conhecido para o consumo de álcool, mas há benefícios à saúde observados em bebedores moderados, incluindo menores taxas de doença cardiovascular e, possivelmente, menos resfriados.

Quanto à maconha, cuja legalização para usos médicos tem sido um assunto de forte debate público há anos, há ampla evidência de que compostos benéficos para a saúde podem ser encontrados na planta.

Uma vez que os produtos químicos sejam colocados numa forma pura, e os pesquisadores entendam os seus efeitos sobre o corpo, eles poderiam ser colocados em ensaios clínicos para uso em cancro, esclerose múltipla, diabetes, glaucoma e outras doenças.(ciencia-online)

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