Por Stella Rios
A Orquestra Juvenil da Bahia, que integra os Núcleos Estaduais de Orquestras Juvenis e Infantis da Bahia (Neojiba), começou sua primeira turnê - intitulada Bahia Orchestra Project - pelos Estados Unidos.
Esta é a primeira vez que uma orquestra juvenil faz uma turnê internacional desse tamanho: serão 12 concertos em 11 cidades de estados como Arizona, Missouri, Indiana e Califórnia.
“Tenho certeza de que estamos desbravando caminhos para que mais jovens músicos brasileiros, sobretudo os comprometidos com o social, possam brilhar no exterior”, afirma o maestro e diretor artístico do Neojiba, Ricardo Castro, 49 anos. Segundo o maestro, 125 músicos estarão na turnê, agenciada pela Columbia Artists Music (Cami).
“O principal objetivo em 2014 é a expansão do Neojiba. Vamos focar também na área do desenvolvimento social, entrando em bairros periféricos de Salvador. A ideia é que essa turnê gere mais visibilidade e respeitabilidade para a orquestra”, revela.
Nos planos para esta temporada estão o lançamento do primeiro álbum e segundo DVD da orquestra, gravado no Teatro Castro Alves em abril do ano passado. O primeiro foi gravado em 2010 no 41º Festival de Inverno de Campos do Jordão e, embora não tenha sido vendido comercialmente, atingiu mais de 500 mil visualizações no canal do Neojiba no YouTube.
Repertório eclético
Nas três semanas que ficará em solo norte americano, a orquestra realizará três concertos distintos. O primeiro, ontem, foi em Tucson, Arizona, no Centennial Hall, para 2.500 pessoas. A apresentação contou com a participação do pianista francês Jean-Yves Thibaudet.
Os outros destaques da turnê ficam por conta da apresentação em Palm Desert, Califórnia, no dia 16, na qual o Neojiba estará acompanhado do pianista canadense Stuart Goodyear; e no dia 25, em Miami, haverá um concerto especial, no qual os baianos tocarão ao lado de jovens músicos de diversos países.
O programa dos concertos é variado: indo de obras universais de Arturo Marquez, Piotr Tchaikovsky (1840-1893), Ravel (1875-1937), Revueltas (1899-1940), Eduard Bernstein (1850-1932) e Stravinsky (1882-1971) a peças compostas pelos brasileiros Villa-Lobos (1887-1959), Zequinha de Abreu (1880-1935), Ary Barroso (1903-1964), Lorenzo Fernandez (1897-1948) e o baiano Wellington Gomes.
Há ainda um programa apenas com obras latino-americanas. “São salas de altíssima qualidade, público exigente e peças tradicionais que nos exigem alto nível”, pondera Castro, sobre a expectativa para a turnê.
“É um desafio, já que se trata de uma orquestra juvenil, primeira a fazer uma turnê como essa. Existe expectativa dos jovens de conhecer os EUA, que eles sempre ouvem falar muito. É preciso confiar na nossa juventude, que levará uma identidade musical da Bahia diferente do que eles estão acostumados a ver”.
Democrático
Para Ricardo, o Neojiba conseguiu popularizar a música clássica: “Primeiro, acredito que a orquestra trouxe o público para o palco. Muitos músicos ali nunca imaginariam estar nos principais palcos do mundo”.
“Para se ter uma ideia: 30% do público do Neojiba nunca tinha estado no Teatro Castro Alves ou nunca havia ouvido uma orquestra. Esse movimento que o Neojiba comandou fez com que caíssem barreiras com a música de concerto”, emenda.
Essa não é a primeira vez que a Orquestra Juvenil da Bahia se apresenta no exterior. Em 2010, fez concertos em Londres, no Queen Elizabeth Hall, e em Lisboa, no Centro Cultural de Belém. Com o feito, tornou-se a primeira orquestra juvenil brasileira a tocar na Europa.
“A emoção que o Neojiba cria em cada apresentação é extremamente contagiante. Tivemos a chance de experimentar pela primeira vez da energia incrível desta orquestra em Londres. Temos a honra de fazer parte do sucesso do Neojiba e eu os desejo inspiração e apoio contínuos. Eles são o orgulho do Brasil e a cara de seu futuro glorioso”, exalta Anastasia Boudanoque, produtora executiva e agente da Columbia Artists Music (Cami), agenciadora da turnê pelos EUA.
A Juvenil da Bahia, que foi fundada pelo pianista e maestro Ricardo Castro, em 2007, é a principal das sete orquestras que integram o Neojiba. Atualmente, conta com 125 músicos entre 14 e 29 anos.
Correio da Bahia
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