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terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Médicos envolvidos com estrupos e mafiosos

Surfando Com a Notícia


Quebrou a perna, braço ou joelho? O médico indicou uma cirurgia para colocar uma prótese? Sua mãe caiu e quebrou a bacia? O médico disse que, para consertar, só com uma prótese? A coluna dói, você chora de dor, e o médico indicou uma cirurgia? Cuidado. A medicina brasileira está mais doente do que você. Gravemente doente.
Depois das denúncias de estupros cometidos em festas dentro da prestigiosa Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, agora uma excelente reportagem do “Fantástico”, publicada no último domingo (4/1), escancara o cruel modus operandi de uma máfia de médicos e fabricantes de próteses ortopédicas, que opera tanto em sofisticados hospitais particulares quanto no SUS.


Na essência, o negócio consiste em oferecer gordas vantagens financeiras para que médicos inescrupulosos indiquem cirurgias em que se usem próteses ortopédicas caríssimas. Detalhe: a reportagem mostrou que, em muitos casos, essas cirurgias são feitas, e as próteses são colocadas, mesmo que os pacientes delas não necessitem.
Calcula-se que, só com esse expediente, os proventos de muitos médicos sejam majorados em mais de R$ 100 mil por mês, obtidos a partir de várias cirurgias feitas com material superfaturado.
Na maior parte dos casos, quem paga a conta desse festim infernal são os planos de saúde e o SUS.
Mas, como os planos de saúde nunca levam prejuízo, o que acontece é que esses custos extraordinários são repassados aos clientes, na forma de reajustes nos preços dos carnês da saúde complementar. No SUS, é o dinheiro público que deixa de ser gasto para melhorar o atendimento à população carente, e vai para os bolsos dos criminosos de branco.
Ou seja, todos —eu, tu, ele, nós, vós, eles— pagarão pelos rendimentos escandalosos dos médicos corruptos.
O esquema é oferecido quase que abertamente em congressos médicos, junto aos quais, como regra, instalam-se grandes estandes de vendas de equipamentos e próteses. Neles, os representantes comerciais vão direto ao ponto: comissão de 20%, 30%, 40%, até de 50% sobre o preço da prótese. O médico recebe a propina em dinheiro vivo.
Um dos melhores e mais reputados hospitais particulares de São Paulo, o Hospital Israelita Albert Einstein, ficou encafifado com a quantidade de cirurgias que os médicos estavam indicando. E formou um grupo de especialistas para fazer, durante um ano, a revisão dos pedidos de cirurgia.
De 1.100 pacientes com tais pedidos, menos de 500 (menos da metade!) tinham uma real necessidade de cirurgia. “Então, muito possivelmente, estava havendo um exagero em relação a essas indicações”, disse Cláudio Lottenberg, presidente do Hospital Albert Einstein.
É gravíssimo. O ortopedista, o médico de fraturas, é um tipo especial de vendedor de serviço. Lida com um “freguês” que em geral está em sofrimento, com a mobilidade reduzida, com dor, às vezes “chapado” de analgésicos. Está rendido, entregue.
Mesmo que esteja acompanhado pela família, encontra-se em condições de extrema fragilidade. Desesperam-se ele e seus entes queridos, que o querem livre da dor o quanto antes.
Trata-se, portanto, este paciente, de uma presa fácil dos médicos corruptos. Dificilmente, ele tem condições de ir a outro ortopedista, para colher uma segunda opinião. Ou uma terceira, como se deve fazer quando o caso não implica dores lancinantes ou risco de morte.
Eis porque impressiona o fato de a máfia operar com tanta desenvoltura, com tanto desembaraço, tão amplamente, vendendo serviços e operando sem necessidade. Porque esses pacientes precisariam estar mais protegidos pelos órgãos de fiscalização e normatização da prática médica, como o Conselho Federal de Medicina e os conselhos regionais de Medicina. Mas aí moram todos os pecados do corporativismo tacanho…
Estudo das pesquisadoras Lúcia Maciel Castro Franco e Flávia Falci Ercole, da PUC de Minas Gerais e da Universidade Federal de Minas Gerais, mostrou que, “nos procedimentos ortopédicos, é frequente a utilização de materiais de implantes [próteses], o que aumenta o risco de infecção pós-operatória, complicação que pode levar até mesmo à perda do membro operado.”
Segundo as professoras, a infecção no local da cirurgia ortopédica “prolonga o tempo de internação do paciente por até duas semanas, dobra as taxas de reospitalização, aumenta os custos com a assistência em mais de 300% e pode, ainda, causar limitações físicas, emocionais e redução significativa na qualidade de vida do paciente”.
Quantas pessoas já não terão perdido a vida por complicações de cirurgias desnecessárias? Quantas pessoas não trarão sequelas graves, frutos dessas operações desnecessárias? Quantos dias de trabalho perdidos? Quanto dinheiro gasto em analgésicos, anticoagulantes, curativos, anti-inflamatórios, antibióticos?

Essa máfia precisa ser banida do exercício da medicina. Precisa ser punida exemplarmente. Ou restará a desmoralização de uma categoria profissional inteira, com os bons pagando pelos inescrupulosos, negocistas e corruptos. Pelos bandidos, enfim.yahoo

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