Segundo um levantamento feito a partir dos microdados do Censo Escolar 2012, três em cada dez contratos de professores das redes estaduais são temporários. Em sete estados, há mais contratos de docentes temporários que efetivos. Nas redes municipais, o número é um pouco menor, chegando a 25% do total de contratações.
Para especialistas em Educação, os contratos temporários afetam o trabalho pedagógico. Luiz Carlos Novaes, professor da Universidade Federal de São Paulo – Unifesp, acredita que não é possível desenvolver um ensino de qualidade com essa situação. “É preciso efetivar o temporário, dar melhores condições de trabalho para ele. Essa provisoriedade que marca o trabalho do temporário não pode continuar”, analisa.
O economista e professor do Instituto de Ensino e Pesquisa – Insper, Naercio Aquino Menezes Filho, fez um levantamento com os resultados da rede estadual de São Paulo no Saresp de 2008 e na Prova Brasil de 2007. Ele constatou que 57% das escolas com os piores desempenhos no Saresp enfrentavam problemas de faltas frequentes dos professores, enquanto nas escolas com os melhores resultados, o grupo era de 32%.
A pesquisa também concluiu que o desempenho dos alunos estava atrelado à estabilidade do corpo docente da instituição. Quanto maior a porcentagem de professores com vínculo empregatício estável na escola, melhor o desempenho dos alunos. “Nota-se que, em 43% das melhores escolas na Prova Brasil 2007, mais de 76% de seus professores possuem vínculo empregatício estável. Esta proporção diminui para 21% das escolas com pior desempenho escolar”, diz o estudo.
A presidente da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação – Undime, Cleuza Repulho, ressaltou que a rotatividade de professores impede a construção de um projeto sério nas escolas. “A função da escola é produzir conhecimento e, para isso, você precisa do professor. O professor temporário vive uma situação de insegurança. Às vezes, eles são demitidos e readmitidos depois de seis ou sete meses.”
Para o professor Ocimar Alavarse, da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo – FEUSP, é difícil para um diretor não saber com quem vai trabalhar de um ano para o outro. “Como fica a relação do professor com a escola? O docente precisa acompanhar toda uma geração de alunos. É horrível você ter relações na escola que acabam sendo passageiras, isso dificulta muito o projeto pedagógico e pesa diretamente no aprendizado das nossas crianças”, afirmou.
Segundo o promotor de Justiça João Paulo Faustinoni e Silva, a regra constitucional geral é a de contratação de professores por concurso público. “A Constituição, todavia, admite a contratação por tempo determinado para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público. Como a própria norma afirma, não há número razoável para tais contratações, pois devem ser excepcionais e temporárias”, declarou.
FONTE: portal UOL.
Além de o serviço temporário ser uma forma camuflada de burlar a lei e perpetuar a prática do voto de cabresto, muitos efetivos são indignos do salário que recebem por quase nada que fazem. Contudo, como dizia o poeta Renato Russo, o teatro dos vampiros continua inovando com peças cada vez mais cruéis e vergonhosas. Ao negar suas obrigações sociais o educador também nega a si mesmo e perpetua o “Status Quo” imposto para o coletivo social. Prefiro padecer defendendo no que acredito a viver fingindo que a realidade imposta a mim é o suprassumo bem na terra.
ResponderExcluirDeixo para vocês a brilhante mensagem de outro pensador que nos alerta:
É melhor atirar-se à luta em busca de dias melhores, mesmo correndo o risco de perder tudo, do que permanecer estático, como os pobres de espírito, que não lutam, mas também não vencem, que não conhecem a dor da derrota, nem a glória de ressurgir dos escombros. Esses pobres de espírito, ao final de sua jornada na Terra não agradecem a Deus por terem vivido, mas desculpam-se perante Ele, por terem apenas passado pela vida.
Bob Marley