Redação: SURFANDO COA NOTICIA
Prof. José Reis
Certo dia, fui ao consultório de
um profissional da área de saúde, chegando lá, informei que minha voz estava
muito rouca. O médico solicitou diversos exames complicados e com isso, ele
constatou que haviam vários nódulos nas minhas cordas vocais. Após avaliação
médica, o mesmo me encaminhou para outro profissional, com o objetivo de tratar
das minhas área afetada pelos nódulos.
Lá chegando, o fonoaudiólogo, que é
especialista em voz e cordas vocais me fez as seguintes perguntas: O senhor
sabe qual o motivo que está provocando o aparecimento de calos nas cordas
vocais? Eu prontamente respondi que não
tinha a menor idéia. Ele tornou a me questionar: Qual a sua profissão? Eu
imediatamente lhe dei a resposta: Sou professor! O médico me respondeu que a
conseqüência disso era minha profissão, uma vez que me esforço muito para que
os alunos aprendam.
A consulta foi demorada e no tempo em que
estava no consultório, eu informei ao médico: “Doutor”! Acho que os alunos
devem aprender, pois acredito que através de uma boa educação é que as pessoas
desprovidas de direitos sociais podem ter acesso aos diversos bens, entre eles
os bens culturais, intelectuais, sociais e principalmente o de se tornarem
pessoas criticas, exigentes dos seus direitos e cumpridoras dos seus deveres.
Então, ele me respondeu: professor, já pensou se todo mundo fosse médico, quem seria o coveiro? Eu
prontamente respondi que sempre iria ter pessoas que poderia fazer trabalho de
coveiro, que é muito importante para a sociedade.
Depois de muito tempo, ao sair do consultório
do fonoaudiólogo, fazendo uma reflexão sobre os alunos da atualidade, onde na
maioria das vezes são filhos de pais separados, pais estes, que não dão a
mínima para o bem estar social dos seus filhos com relação ao futuro
profissional.
Muitos dos pais dos alunos da sociedade
contemporânea imaginam que tudo deve ser imediato, são pais que recebem bolsa
auxílio do Governo Federal e compram aparelho celular, muita das vezes com
valor superior ao que ganha.
Por conta dessa triste realidade, que o nosso
país está com o índice educacional abaixo de outros países menos desenvolvido,
a exemplo de Angola, México, Argentina, Chile, etc.
Após inúmeras seções para o tratamento das
cordas vocais, sempre vinha á tona a frases que o profissional da fonoaudiologia
me disse. Pensei, pensei e tirei a conclusão que deveria escrever algo sobre
esta frase. Ou você é medico ou você é coveiro!
Analisando
e refletindo me veio à idéia que para
ser médico, é preciso se ter muito tempo para estudar, comprar bons livros,
freqüentar aulas em laboratórios, participar de seminário, estudar muito.
E
para ser coveiro, pensam que não é necessário, basta ter porte físico para pegar no pesado, na
picareta, na enxada, ficar de sol a sol, no relento, não fazer reflexão sobre
as suas possibilidades para uma ascencensão social desejada. Tomando sol e
chuva, e receber um salário que mal dá par sustentar seus filhos.
E para ser médico não, basta
ser branco, o pai ter condições de bancar. E quem são os coveiros? São
sempre os negros, mulatos, sem nível de escolaridade, não precisa estudar. Isso
é para pobre, pobre não precisa de estudo. Pobre precisa é de pão e circo, música de pagode para mexer
a ‘bunda’ se for mulher, funk, tomar cachaça, folha podre. No máximo conseguem
apenas a conclusão do 2º grau, e na escola pública, esta sem as mínimas
condições estruturais. Sempre faltando material didático, alunos revoltado com
a unidade de ensino.
Raramente
um chega à Universidade, e quando chega é através de cotas. Esta cota sempre
questionada pela classe privilegiada, sempre dizendo para os estudantes escola
pública, você só entrou na universidade
por que foi pelas cotas.
Ou
outro, quando entra na sua maioria vai fazer licenciatura para ser professor.
Para ter um salário de que não dar para suprir sua necessidade, precisa
trabalhar 60 horas.
E
o médico, quando vai estudar, sempre vai para os melhores centros
universitários. Quando concluir a faculdade, faculdade não universidade, é
chamado de ‘Dr.’ o coveiro não, não dar tempo de estudar, se ele estuda, não
consegue ter muito êxito, é muito estafante o seu trabalho. Se na hora do
enterro a cova não estiver pronta, os donos do defunto ficam chateados com ele.
Mas o médico não, ele não veio hoje, por que estava numa conferência, para
adquirir mais experiências. O coveiro não, coveiro não precisa participar de
conferencia, só precisa saber pegar no cabo da picareta, não precisa saber ler,
não precisa saber escrever nada, não precisa pensar, coveiro é coveiro, medico é
medico. Você precisa escolher, ou
você é medico ou você é coveiro.
Gostaria
de salientar que esta palavra médico, referiu-se a profissões elitizadas,
executada pela classe privilegiada, assim como
advogados, dentistas, fonoaudiólogo, engenheiros, juízes, enfermeiro,
professor, profissões de destaque social.
E
a palavra coveiro, se refere às profissões menos privilegiadas, não precisa de
muito estudo, basta ter o ensino fundamental. Pedreiro, carpinteiro, eletricista,
jardineiro, empregada doméstica, são profissões, que assim como um coveiro,
ainda sofrem discriminação por parte da sociedade.
José
dos Reis Dias
Embora não concorde com tudo que você fala, mas foi válida a sua reflexão.
ResponderExcluirLi este texto “Ou você é médico ou coveiro” e fiquei tomada de um forte sentimento de angústia, uma vez que , pelo citado texto temos uma sociedade inatista, ou seja , O ser humano já nasce pronto, o destino individual de cada ser humano já estaria determinado ,ou nascem ricos ou pobres e continuam assim até a morte. Temos exemplos vivos na sociedade que contradizem essa afirmação, quantos “coveiros” na história do Brasil se tornaram “médicos” e quantos “médicos “ se tornaram “coveiros”.O texto é extremamente preconceituoso, e não se concebe mais , na sociedade atual esse tipo discurso falido que se baseia na figura do branco , rico em ascensão e do negro pobre , marginalizado, haja vista que , as correntes filosóficas e sociológicas atuais contradizem esse discurso.
ResponderExcluirCaro anônimo!
ResponderExcluirEsse texto tem como objetivo chamar a atenção das pessoas para uma reflexão sobre a realidade das pessoas desprovidas dos direitos fundamentais que são: educação, saúde, moradia e lazer. E quem são essas pessoas que têm esses direitos? Não são as pessoas das classes privilegiadas? ou seja os "médicos"?
Os "Coveiros" têm esses direitos? Se você visitar as escolas públicas, os postos de saúde, os hospitais, irá perceber que só os “coveiros” estão nestes espaços citados.
Desde já agradeço a sua participação na leitura do texto.
José dos Reis Dias.
Realmente o texto chama a atenção para essas questões sociais inerentes ao Brasil. Só não concordo com a forma que a reflexão foi trazida. Achei valido, o comentário que foi tecido a educação, mas por acreditar na educação, acredito também no poder de transformação. Desse modo José Reis, percebo a precariedade da sáude, da educação no nosso país, mas percebo também que muitas ações são desenvolvidas para a acessibilidade destes direitos, o problema é que "Nós" "médicos" ou "coveiros" ainda não aprendemos a escolher os nossos representantes, o que torna o Brasil o país do assistencialismo. Portanto ser "médico" ou "coveiro" é uma questão de aceitação. Agradeço a sua atenção, e acredito que esta é a função da leitura, provocar discussões saudáveis e o surgimento de novas ideias. Naize
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirGostaria de frisar que às vezes ser coveiro não é uma opção do individuo, mas sim as condições que lhe são oferecidas desde a sua tenra idade. Por exemplo, o filho de um carpinteiro, de um trabalhador rural, do biscateiro, do catador de papelão, maior de rua, estes terão as mínimas condições possíveis para se tornarem médicos .Quem deveria oferecer oportunidades para que estas crianças, não se tornarem coveiros era a escola,através da secretaria da educação, no entanto esta continua oferecendo as mesmas ferramentas tecnológicas do século 18. Como os filhos destes “coveiros" poderão se tornar "médicos", se não for através de uma transformação social que é a educação escolar?
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