Por Stella Rios
Mulher de malandro, aquela que apanha mas não deixa
de amar. Toma porrada, mas sempre volta para quem lhe maltratou. A torcida
brasileira é a mulher de malandro da vez.
Há quantos anos a
torcida sofre maus tratos? Com um futebol ruim ou broxante – a seleção de 1994
deixava alguém excitado? -, canalhice de todo tipo por parte da CBF, cartolas
safados ou, na melhor das hipóteses, apenas incompetentes, mudança de “casa” do
Brasil para Londres, pouco (ou nenhum) comprometimento de muitos daqueles que
vestiam o uniforme.
Parecia ter havido um
rompimento. E as tantas vezes em que a seleção foi vaiada no Brasil pareciam
mostrar um caminho sem volta. Divórcio entre seleção e torcida. Mas não era bem
assim.
A torcida estava louca
pela volta da sua paixão. E, tal qual malandro esperto, a seleção que abusou
dos maus tratos reapareceu e cumpriu o script da reconquista. Deu flores,
palavras bonitas, pediu desculpas e, quando tinha a vitória nas mãos, deu o
golpe definitivo: um inesquecível orgasmo.
Quase todos os
problemas seguem vivos, a começar pela dona da seleção, a CBF. Mas a mulher de
malandro, neste caso, só tem olhos para aquele que ama. A torcida quer amar a
seleção e não pede em troca nada além de jogadores dedicados e que mostrem a
vontade da conquista. Um bom futebol, jogadores que amem aquela camisa e aquele
esporte tanto quanto cada um dos torcedores ama.
Como uma boa mulher de
malandro, a torcida brasileira pede muito pouco. E, se der a ela este pouco, a
seleção terá gratidão, amor e orgasmos à disposição. E, com este pouco, vai
longe. Muito longe.
Fonte: cartacapital
Nenhum comentário :
Postar um comentário
Obrigado pelo(s) seu(s) comentário(s)