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sexta-feira, 11 de outubro de 2013

A Difícil Missão de um Professor


Por Luciano Ribeiro


Formação inicial desvinculada da prática. Formação em serviço frágil. Longas jornadas de trabalho. ViolênciaIndisciplina. Turnos excessivos. Muitos alunos. Falta de apoio da gestão. Infraestrutura deficiente. A lista de problemas dos professores brasileiros é longa, mas a questão de fundo é uma só: o país precisa de uma ampla reforma educacional. "Não temos uma politica nacional para a docência", afirma Amábile Mansutti, coordenadora técnica do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec), em São Paulo. 

Países como a Finlândia e a Coréia do Sul têm propostas consolidadas, que contemplam não apenas o salário dos profissionais, mas também planos de carreira bem estruturados, boa formação inicial e em serviço e ambientes de trabalho de qualidade. O resultado dessas medidas pode ser comprovado pela posição dessas nações em rankings como a do Pisa. Já no Brasil, onde não há uma política voltada aos docentes, os resultados continuam ruins, ano após ano. E a ausência de uma politica de Estado traz impactos já na atração e retenção dos profissionais. 



Entre os jovens, a docência é vista como uma opção mal remunerada e cheia de problemas. Desvalorizada, ela é opção profissional de apenas 2% dos alunos do Ensino Médio, segundo pesquisa da Fundação Carlos Chagas (FCC) sob encomenda da Fundação Victor Civita (FVC). Hoje, o magistério atrai alunos com baixo rendimento acadêmico. "Em geral, eles fazem parte das camadas menos favorecidas da população. São os primeiros da família a chegar ao ensino superior e acreditam que dar aulas é uma opção segura, pois sempre há postos de trabalho", explica Marli André, professora da Pontifica Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), que pesquisa formação há 30 anos. 


Outra questão crucial diz respeito à formação que esses jovens recebem ao ingressar no curso superior. O Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade) de Pedagogia, de 2008, indica que 14% dos cursos apresentam desempenho insuficiente. Apenas 3% foram considerados excelentes. Além disso, a maioria dos currículos não contempla as questões práticas da sala de aula. A ênfase recai sobre saberes teóricos distantes da realidade, enquanto as metodologias de ensino e as didáticas de cada disciplina são negligenciadas. Segundo o estudo da FFC e da FVC, apenas 28% das matérias se referem à formação profissional específica. Depois da formatura, os problemas não se encerram. Não há planos de carreira que contemplem o desenvolvimento profissional, a fixação do docente em uma escola, a formação em serviço atrelada à oportunidades de estudo e de reflexão sobre a prática. 


O resultado dessa conjuntura fica escancarado nas pontuações dos alunos brasileiros em exames como o Saeb e a Prova Brasil.
educarparacrescer

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