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sexta-feira, 11 de outubro de 2013

É Hora de Falar Sobre Sexo

Redação: Surfando Com a Notícia (adaptado)


Afinal, qual é a hora certa para se falar sobre sexo com as crianças? Quando a conversa deve ocorrer em casa? E na escola? As perguntas são infinitas, mas... nada de pânico! Psiquiatras, pedagogos e sexólogos garantem que o segredo está no diálogo, na verdade e no tratar o tema com naturalidade, sem tabus.

A psiquiatra e professora do Departamento de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) Carmita Abdo, coordena o Programa de Estudos e Sexualidade (ProSex) da mesma instituição. Estudiosa do tema desde a década de 1980, ela explica que a educação sexual deve começar assim que a criança pedir respostas, sem idade certa para o início dessa abordagem. “É bastante positivo quando a criança começa a perguntar e o adulto, seja os pais seja professores, sente-se confortável para responder às questões”.


Carmita defende que é muito negativo deixar a criança sem esclarecimentos, porque ela com certeza vai buscar em outros lugares e a resposta pode não ser interessante. “Pode vir carregada de preconceitos, tabus e mitos, repercutindo de forma negativa na formação daquela criança. E essa repercussão pode não ser só no aspecto sexual”, afirma.

Apesar de o diálogo ser fundamental na hora de falar sobre sexo, especialistas alertam: é uma criança que está fazendo perguntas, portanto, é necessário ter cuidado e perceber o que ela é capaz de compreender, de acordo com sua idade. “A criança inicia o entendimento a partir da idade da razão, entre 6 e 7 anos, época em que ela começa a ter mais raciocínio e não vive mais no mundo da fantasia. Se ela perguntou, é porque pode ouvir a resposta”, diz a especialista Carmita.

De acordo com a pesquisa Mosaico Brasil, realizada pela ProSex com 8.200 entrevistados de capitais como Recife, Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro, 60% dos brasileiros acreditam que a educação sexual deve começar em casa, e os outros 40% pensam que o início da conversa precisa ser na escola. Para a coordenadora do estudo, o ambiente familiar é o principal ponto de apoio para uma boa educação sexual. “A melhor educação ainda é aquela que a criança tem em casa, onde a peculiaridade e a capacidade de entender esse ou aquele conceito podem ser avaliadas de forma muito personalizada. Na escola, os conceitos serão transmitidos de forma mais genérica, para uma classe”, explica Carmelita. Segundo ela, o ideal é que a escola complemente os ensinamentos de casa no que diz respeito à educação sexual.

O Ministério da Educação (MEC), por meio dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), sugere que as escolas abordem o tema orientação sexual de forma transversal, ou seja, diluído no conteúdo escolar como um todo, não em uma disciplina isolada. Assim, ele pode ser abordado de forma livre sempre que houver alguma oportunidade para o debate.

A sexóloga e psicóloga Laura Muller, no livro Educação Sexual em 8 Lições, explica que, segundo os PCN, o tema sexualidade precisa estar presente no ensino escolar a partir dos 6 ou 7 anos. “A educação sexual na escola pode e deve incluir ações de capacitação para professores, coordenadores, gestores e toda a equipe que lida com os alunos, como o pessoal da cantina, da limpeza, etc.” Um exemplo bem simples, de acordo com Laura, é na aula de artes exercitar, em desenhos e colagens, o aprendizado sobre papéis sexuais, ou então, na aula de educação física, trabalhar questões a respeito do corpo.

Com a orientação sexual sugerida pelos PCN, espera-se que as crianças sejam capazes de respeitar a diversidade de valores, compreendam a busca do prazer como algo que faz parte da sexualidade humana, conheçam e respeitem o próprio corpo, identifiquem e repensem tabus e preconceitos, conheçam as práticas de sexo protegido, evitem gravidez indesejada e, acima de tudo, tenham consciência crítica sobre educação sexual.

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