Por Luciano Ribeiro
Todos já ouviram falar da estação de tratamento de esgoto, porém com a falta de água nos grandes centros este processo deve ser uma solução para amenizar o problema, porém não temos estações de tratamento suficiente para uma demanda grande de pessoas, industrias etc.
O princípio das estações
de tratamento é dar uma turbinada no processo natural de limpeza que qualquer
rio faz. Todo curso dágua possui bactérias que se alimentam da matéria orgânica do esgoto e ajudam a eliminar a sujeira. Mesmo o
combalido Tietê, um dos rios mais poluídos do mundo, consegue eliminar boa
parte das 400 toneladas de esgoto que recebe por dia. Cerca de 200 quilômetros
depois de receber toda a sujeira da Grande São Paulo, ele volta a ter peixes e condições
para a prática de esportes aquáticos. "A diferença é que uma estação de
tratamento faz o serviço muito mais rápido. Como ela possui microrganismos em
concentração milhares de vezes superior à de um rio, dá para reproduzir em
algumas centenas de metros a mesma limpeza que um rio demora até 140
quilômetros para fazer", afirma o químico Moacir Francisco de Brito, da
Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp).
Para diminuir as impurezas
presentes no esgoto, o trabalho envolve ao menos cinco etapas até que a água
possa ser devolvida ao ambiente. A idéia é começar barrando a sujeira visível a
olho nu - de geladeiras a fios de cabelo -, depois eliminar grãos de terra,
partículas em suspensão e por fim atacar as impurezas solúveis na água. "O
tratamento remove até 95% desses dejetos, fazendo com que a água possa ser
usada na limpeza de ruas, na irrigação, ou ser devolvida sem perigo aos
rios", diz Moacir. A tarefa é demorada e cara, mas vale a pena se for
encarada como um investimento a longo prazo. A Organização Mundial da Saúde
(OMS) calcula que, a cada dólar aplicado em saneamento e tratamento de esgoto,
economizam-se 5 dólares em atendimento médico. No Brasil, onde só 16% dos
esgotos urbanos são tratados, quatro em cada cinco doenças são causadas por
água ou esgoto sem tratamento adequado.
Purificação turbinada
O segredo é reproduzir o
processo de limpeza natural de um rio, só que bem mais rápido
1 - A primeira etapa do
tratamento é barrar o lixo sólido que vem junto com o esgoto. Para reter o
material pesado, duas linhas de grades (a primeira com 10 centímetros de espaço
entre as barras e a segunda com 2 centímetros) impedem a entrada de tocos de
madeira, garrafas de refrigerante, pedaços de papel e fios de cabelo que chegam
por uma impressionante tubulação de 4,5 metros de diâmetro
2 - A fase seguinte,
chamada de desarenação, serve para retirar a terra e a areia que se misturam à
sujeira. No fundo de uma grande caixa, um tubo joga ar na água, fazendo com que
as partículas em suspensão formem uma espiral e se depositem no fundo. A
retenção também evita que o atrito dos sedimentos estrague as bombas que
impulsionam o líquido no tratamento
3 - Pequenos grãos de
dejetos e de fezes são eliminados na chamada decantação primária. Por serem
mais densos, esses tipos de resíduo tendem a ficar acumulados no fundo do
tanque. Em seguida, uma pá que se move lentamente empurra a massa sólida para
uma espécie de ralo. De lá, esse lodo segue para outro setor do sistema de
tratamento, podendo se transformar em adubo ou ser usado para gerar energia
4 - A água do esgoto
inicial, ainda suja, vai para o tanque de aeração, habitado por uma rica fauna
de bactérias e considerado o coração da estação de tratamento. Lá, um tubo
injeta microbolhas de ar, que ativam a voracidade desses microorganismos.
Alimentando-se da matéria orgânica dissolvida no esgoto, os bichinhos do tanque
comem a sujeira em uma velocidade milhares de vezes maior do que em um rio
5 - O líquido que sai do
tanque de aeração está quase limpo, mas ainda sobraram as bactérias. Por sorte,
elas também são mais densas que a água e se agrupam no fundo do tanque. Aí
começa a chamada decantação secundária: em tanques redondos, uma pá giratória
separa os microorganismos da água limpa e manda-os de volta ao tanque de
aeração
6 - Depois de tratada, a
água que sai da estação está pronta para ser devolvida ao rio. A eficiência do
processo é grande: no total, algo em torno de 90 a 95% da carga orgânica chega
a ser removida. Além disso, a concentração de oxigênio pode até ajudar na
limpeza dos cursos dágua, dando uma forcinha para que a
natureza se encarregue do resto da tarefa
7 - Mesmo que o produto
final seja uma água bem mais limpa, ela ainda apresenta alguns organismos
causadores de doenças. Para ser reutilizada, ela é filtrada e clorada em uma
estação de utilidades. Depois disso, a água serve para irrigação e uso
industrial, mas ainda não é potável. Nesse ponto, sua qualidade equivale à das
represas usadas para o abastecimento das cidades
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