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terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

O Afoxé Filhos de Gandhy Comemora 65 Anos de Tradição

Por Stella Rios


O Afoxé Filhos de Gandhy realizou  nesta terça-feira, às 10h, missa comemorativa aos seus 65 anos. A celebração foi realizada na Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, no Largo do Pelourinho, e depois da celebração será oferecido um almoço para convidados, imprensa e contribuintes da Associação Cultural Recreativa e Carnavalesca Filhos de Gandhy, na sede do afoxé, no Centro Histórico.



Este ano, o Gandhy busca na essência da religião de matriz africana inspiração para compor seu tema para o Carnaval de 2014: Gandhy - Tradição, Religião, Fé e Respeito - Uma Reverência aos Templos dos Orixás. Para Tio Souza, um dos diretores do bloco, o objetivo primordial é aglutinar o pensar de todas as regiões em torno de uma religião, que tem como finalidade o equilíbrio entre o ser humano, o ambiente e as divindades chamadas orixás do Candomblé, preservando e disseminando de forma oral e visual, através da música e da dança. O bloco desfila domingo e terça-feira, no circuito Osmar (Avenida/Campo Grande) e na segunda-feira o cortejo desce para o circuito Dodô (Barra/Ondina).

Entre as novidades está a parceria com o Instituto Antônio Carlos Magalhães (ACM), onde crianças irão participar de uma oficina de percussão e estarão no bloco, e a nova roupagem da banda. “Mudou, mas sem deixar sua essência”, explica Souza, acrescentando que, “somos uma nação que brilha na avenida e traz na sua mensagem o jeito simples de desejar um Carnaval de paz para o mundo, somos a nação que enche os olhos dos baianos, do povo brasileiro e dos turistas com sua beleza simples de admirar, somos a nação que encanta homens, mulheres, idosos e crianças. Um universo de pura beleza, magicamente ilustrado no maior Carnaval do mundo, basicamente um orgulho em fazer parte dessa grande família”.
O Bloco
Tudo começou no dia 18 de fevereiro de 1949, quando os estivadores do porto de Salvador, estavam sentados ao pé de uma mangueira perto da sede da entidade (Sindicato dos Estivadores), preocupados com a falta de trabalho nos portos e a política de arrocho salarial, gerada pela crise do pós-guerra. Inconformados com a impossibilidade de o bloco carnavalesco “Comendo Coentro” desfilar, Durval Marques da Silva, conhecido como “Vavá Madeira”, sugeriu a ideia de colocar um bloco na rua.
 A sugestão foi logo aceita entre os vários colegas da estiva como Hermes Agostinho dos Santos, o Soldado, Manoel José dos Santos, Guarda-Sol, Almir Passos Fialho, o Mica, e muitos outros que participaram da fundação do bloco Filhos de Gandhy. No primeiro dia, saíram apenas 36 participantes apesar de ter mais de 100 inscritos. Para evitar represálias, o fundador Almir Fia lho deu a ideia para mudar a grafia do nome Gandi, inserindo as letras “dh” e trocou o “i” por “y”, ficando Gandhy.
Desde a época de sua fundação até os dias atuais, o Afoxé, pioneiro da paz e com estilo próprio não parou de crescer. A ideia de expansão não agradou a todos porque apesar de ter sido fundado por estivadores, a partir de 1951, o bloco passou a admitir trabalhadores de outras classes. E, hoje, praticamente eles formam a minoria.
Marchinhas
O Filhos de Gandhy, nos primeiros anos, saiu cantando marchinhas até se dedicar especialmente ao ijexá, (inclusive compondo suas próprias canções). Enfrentou problemas nos anos de 1974 e 1975, quando não desfilou no carnaval, um golpe muito duro para os sócios, após 25 anos de desfile ininterruptos e marcados por glórias e vitórias.
A Associação Cultural, Recreativa e Carnavalesca Filhos de Gandhy, tem sua sede no Pelourinho, doada pelo governo do Estado em 1983, onde funciona o ano inteiro a administração, quadra de ensaios, buscando na sua pluralidade sócio-cultural desenvolver diversas atividades tendo como missão, através do entretenimento e respeito pela tradição, pregar a paz e abrigar em seu ambiente pessoas de todos os credos, condições sociais e etnias e sendo ponto de parada de turistas de todo o mundo que visitam o Centro Histórico de Salvador

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