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sábado, 5 de outubro de 2013

Brasil: Investimentos na Educação


Por Luciano Ribeiro


O Brasil avançou como poucos nos gastos com o ensino, mas esse esforço está longe de se traduzir em excelência



Sempre que um novo indicador expõe o atraso brasileiro na sala de aula aparece gente atribuindo o fiasco ao acanhado orçamento da educação. Existe razão num ponto: o Brasil, de fato, investe menos nessa área do que as nações mais desenvolvidas da OCDE, justamente as que estão na dianteira do ensino.


Um relatório divulgado na semana passada confirma isso, mas alerta, por meio de um convincente conjunto de dados, que a discussão está longe de se encerrar aí. E que até a ideia de que o dinheiro é pouco precisa ser relativizada. Produzido pela própria OCDE desde 1992, o Education at a Glance - espécie de bíblia estatística da educação, que reúne e compara dezenas de indicadores em 42 países - mostra que poucos fizeram tanto esforço quanto o Brasil para engordar o caixa do ensino. A fatia do PIB para a área aumentou 57% na última década, menos apenas do que na Rússia, onde as verbas avançaram 90%. Numa conta que considera apenas os gastos públicos, o Brasil já surge, surpreendentemente, no mesmo nível das nações mais ricas. Só que a qualidade não acompanhou o empenho financeiro, e o país permaneceu no mesmo incômodo patamar de sempre, ombreando com os piores do mundo, como enfatiza o ranking da OCDE.
O documento vem em boa hora, já que o Congresso Nacional discute uma proposta de fazer o volume de recursos para a educação chegar a 10% do PIB. Nenhum país da OCDE gasta tanto (a Islândia, campeã nesse quesito, investe 8%). Ainda que as intenções sejam boas, a questão-chave, sobre como converter essa vistosa cifra em um ensino de alto nível, parece passar ao largo do debate em Brasília. "Pouco vai adiantar colocar mais e mais dinheiro em um sistema inoperante. É preciso reformá-lo", diz o economista Claudio de Moura Castro, articulista de VEJA. À luz da experiência internacional, ele e outros especialistas batem na tecla de que só será possível dar o decisivo passo em prol da qualidade se o país passar a atrair gente talentosa para a carreira de professor. Não há muito mistério sobre os caminhos, como observa Maria Helena Guimarães, presidente da Fundação Seade: "A única maneira de despertar o interesse de nossas melhores cabeças pela sala de aula é implantando um regime de meritocracia, que lhes dê incentivos e um bom horizonte profissional". Esse, sim, um investimento que sabidamente compensa. Há outro essencial, que não requer dinheiro, mas uma radical mudança de mentalidade. Muito teóricos e aferrados a velhas ideologias, os cursos de pedagogia devem começar a formar gente verdadeiramente preparada para alçar o Brasil ao ranking que importa - o da excelência.
educarparacrescer

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