Com o título “Enfim, a
cura da aids”, a revista Super Interessante do mês de agosto já está nas bancas
e traz os bastidores sobre como 16 pacientes venceram o HIV. A reportagem
aborda técnicas como a expulsão do vírus, tratamentos ultraprecoces,
transplantes e modificações genéticas.
Segundo Super
Interessante, no último ano, vários grupos de pesquisadores comprovaram que é
possível expulsar o HIV de seus esconderijos e jogá-los de volta na corrente
sanguínea – de onde ele poderia ser eliminado, livrando completamente o vírus
do organismo.
Essa possibilidade
começou a se desenhar em 2006, quando o governo norte-americano autorizou a
venda do medicamento Vorinostat. Esse remédio foi criado para tratar o linfoma
cutâneo de células T, um câncer no sistema imunológico, mas recentemente passou
a ser usado em pesquisas para despertar as células T adormecidas de portadores
do HIV. Com isso, as cópias do vírus escondidas acordaram e ficaram vulneráveis
à ação dos antirretrovirais.
Outra técnica abordada
na reportagem é o transplante. O norte-americano Timothy Ray Brown recebeu, em
2009, a medula de uma mulher que não produzia a proteína CCR5. E sem essa
proteína, o vírus HIV não conseguiu entrar nas células, fazendo com que o
paciente pudesse parar de tomar os medicamentos antirretrovirais sem que a
doença se desenvolvesse. Brown, conhecido como “Paciente de Berlim”, foi
considerado o primeiro a se curar da aids.
Pesquisadores ouvidos
pela Agência de Notícias da Aids disseram que a reportagem da revista Superinteressante, não está atualizada e reforçam que as
melhores estratégias na luta contra o HIV continuam sendo a prevenção e a
adesão ao tratamento.
Para o infectologista e
professor da Universidade Federal de São Paulo Esper Kallás, a reportagem é
sensacionalista. “A cura nunca esteve tão próxima, segundo a reportagem, mas isso
ainda não é uma realidade”.De acordo com o texto, no último ano, vários grupos
de pesquisadores comprovaram que é possível expulsar o HIV de seus esconderijos
e jogá-los de volta na corrente sanguínea – de onde ele poderia ser eliminado,
livrando completamente o vírus do organismo.
Essa possibilidade
começou a se desenhar em 2006, quando o governo norte-americano autorizou a
venda do medicamento Vorinostat. Esse remédio foi criado para tratar o linfoma
cutâneo de células T, um câncer no sistema imunológico, mas recentemente passou
a ser usado em pesquisas para despertar as células T adormecidas de portadores
do HIV. Com isso, as cópias do vírus escondidas acordaram e ficaram vulneráveis
à ação dos antirretrovirais.
No entanto, Kallás
contesta esta informação. “Esse medicamento não pode ser usado na cura da aids.
Essa droga já foi testada em estudos experimentais em macacos e apresentou uma
grande toxidade”, explicou.
Outra técnica abordada
na reportagem é o transplante. O norte-americano Timothy Ray Brown recebeu, em
2009, a medula de uma mulher que não produzia a proteína CCR5. E sem essa
proteína, o vírus HIV não conseguiu entrar nas células, fazendo com que o
paciente pudesse parar de tomar os medicamentos antirretrovirais sem que a
doença se desenvolvesse. Brown, conhecido como “Paciente de Berlim”, foi
considerado o primeiro a se curar da aids.
Em março deste ano, pesquisadores
do Instituto Pasteur, de Paris, apresentaram a cura funcional de 14 pacientes
franceses portadores do HIV. Ou seja, ainda carregam o vírus, mas não
desenvolvem aids, mesmo tendo parado de tomar o coquetel antirretroviral. Esses
pacientes começaram a tomar os remédios antiaids no máximo 70 dias depois da
infecção, o que limitou a entrada do vírus nos esconderijos, permitindo que
depois de alguns anos em tratamento antirretroviral, o coquetel fosse
interrompido e o vírus deixasse de se replicar.
Kallás ressalta que
essa informação não é nova. Segundo o pesquisador, “muitos estudos já provaram
que quanto mais cedo se inicia o tratamento contra o HIV, mais o organismo é
preservado”.
Gean Gorinchteyn, do
Instituto de Infectologia Emilio Ribas de São Paulo, considera que temos que
ser cautelosos quando o assunto é a cura da aids. “Os estudos indicam algumas
possibilidades em situações especiais, mas não é algo que podemos estender para
todas as pessoas infectadas pelo vírus HIV”, disse.
O infectologista
reforça que a prevenção e a adesão ao tratamento antirretroviral ainda são as
melhores armas na luta contra o HIV. “Para conseguir bons resultados, o
paciente soropositivo precisa não só de medicações adequadas, mas do uso
regular delas, assim o tratamento será um sucesso”.
O ativista e editor do
Boletim Vacinas Anti HIV/Aids, Jorge Beloqui, também não vê grandes novidades
na reportagem. “Essas técnicas já foram abordadas e discutidas em nosso
boletim”, comentou.
Na edição de março de
2012, o Boletim Vacinas Anti HIV/Aids apresenta como possíveis abordagens para
erradicação da doença o inicio precoce do tratamento antirretroviral, antes que
os reservatórios virais estejam plenamente estabelecidos; a intensificação da
terapia antirretroviral para parar a replicação do HIV residual; a ativação das
células T em repouso para purgar ou expulsar vírus latentes; manter a latência
para silenciar permanentemente o DNA proviral; a eliminação ou a incapacitação
das células T em repouso infectadas pelo HIV; proteger células infectadas
contra a entrada viral e fortalecer a resposta do sistema imunitário ao HIV.
Já para o
infectologista José Valdez Madruga, do Centro de Referência e Treinamento em
DST/Aids de São Paulo (CRT), a reportagem é boa, mas a cura não chegou ainda.
“É importante manter a expectativa de cura, pois há cinco anos não tínhamos
perspectivas nesse sentido. Hoje, alguns estudos já apresentaram bons
resultados, mas existe apenas a cura funcional quando o paciente é tratado
precocemente, e não a cura real”, comentou.
Dr. Madruga conta que
depois da publicação de Superinteressante vários pacientes já o procuraram para
dizer que querem tomar o Vorinostat, mas ele tem explicado que, apesar dos
estudos, esse remédio não é capaz de curar a aids.
Tags: HIV
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