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sábado, 21 de setembro de 2013

Professores de Matemática não Podem Considerar os Números das Adversidades

Texto: Gabriela Roméro e Helena Borges


Violência, indisciplina e precariedades tão básicas como falta de livros e luz são alguns dos obstáculos enfrentados diariamente pelos professores que ilustram esta reportagem. Eles seriam iguais a tantos outros não fosse o nível de excelência que alcançaram em sala de aula. E numa disciplina tão temida quanto odiada. O sucesso desse grupo foi verificado na última Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas de 2011, que reuniu 19 milhões de alunos, 0,02% deles laurea¬do com medalhas.





No ranking que mediu o desempenho dos docentes de todo o país - com base nas notas de seus alunos na competição -, tais professores ocupam o topo da lista de seus estados. Outros no Brasil emplacaram até mais estudantes no pódio, mas o feito desses aqui retratados foi considerado extraordinário pelo cenário no qual emergiram: seus estados colecionam os piores indicadores de ensino na área. "Eles são a prova de que é possível lapidar talentos para os números mesmo em lugares que mais parecem desertos de ideias", diz Jacob Palis, do Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada, que organizou a Olimpíada.

Intuitivamente, esses professores implantaram em suas escolas práticas consagradas em países que oferecem um ensino de matemática de alto nível. Só conseguiram isso porque não se deixaram paralisar pelas adversidades de ordem prática nem por bandeiras ideológicas que tentam banir o princípio da meritocracia do ensino brasileiro. Ao contrário, souberam cultivar talentos acima da média. "Quando percebo que um aluno tem aptidão para os números, não penso duas vezes: eu o incentivo a resolver problemas cada vez mais complexos", conta Antônio de Pádua Queiroz, de 56 anos, que assim conseguiu fazer de Erick Rodolfo Trindade, de 15, um dos dois medalhistas da Escola Municipal Oneide de Souza Tavares, na região metropolitana de Belém. Com as aulas extras que deu ao jovem, o professor despertou sua atenção para uma carreira que ele nem sequer cogitava: a de professor da disciplina.
O mau ensino dos números é um obstáculo e tanto para que o Brasil comece a sonhar em ser um país que produza inovações científicas em grande escala. Para ter uma medida do atraso nesse campo, em 2010 os chineses solicitaram o registro de mais de 12 000 patentes - 25 vezes o número brasileiro. Nas economias emergentes, é crescente a demanda por matemáticos e profissionais afins. Tudo isso só reforça a necessidade de multiplicar os bons exemplos dos professores que despontaram na última olimpíada. O Brasil precisa de gente como Greiciane Lima, que, com apenas 25 anos, aparece no topo do ranking de docentes do Maranhão. Ela encara seu ofício como uma missão: "Quero formar um batalhão de bons matemáticos". Bons matemáticos são aqueles que enxergam na sua área não apenas verdade, mas "suprema beleza - a beleza fria e austera, como a da escultura". A frase é do filósofo, historiador - e matemático - inglês Bertrand Russell.
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