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sábado, 8 de fevereiro de 2014

Famílias da Região Nordeste São as que Mais Devem no Cartão

Por Stella Rios


Dados da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), divulgados pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), apontam que a região Nordeste é a que possui mais famílias com dívidas no cartão de crédito: 81,7% contra 76,4% de média nacional.
Carnês e crédito pessoal vêm em seguida com 11,5% e 4,2% da preferência, respectivamente.
Mesmo sem apresentar números do uso do cartão na Bahia, Carlos Amaral, presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (Fecomercio-BA), acredita que o estado segue a tendência regional.
"A Bahia não fica atrás. O cartão de crédito é um elemento que movimenta o comércio e deu mais segurança ao setor", afirma Amaral.

Segundo Marianne Hanson, economista da CNC, o perfil da região nordeste é de gastos de consumo, ao contrário do que ocorre no centro-oeste e no sudeste, onde o endividamento é puxado por compra de imóveis e de veículos.
Na aquisição desses bens, o nordeste ocupa o último lugar entre as regiões, com 3,8% das dívidas motivadas por financiamento de carro e 2,5% por compra de imóvel.
Falta de educação
Para o professor e consultor de economia e finanças, Ângelo Guerreiro Costa, esse quadro é reflexo da desvantagem econômica e da falta de educação financeira da população da região nordeste.
Ele alerta que o consumidor deve ter cuidado com os juros dos cartões de crédito, que, com taxas mensais que variam de 13% a 15%, podem chegar, no acumulado do ano, a 200% de juros.
Outras opções, como o crédito pessoal e o crédito consignado cobram juros, em média, de 60% e 50% ao ano, respectivamente.
"Se eu preciso comprar uma geladeira e posso parcelá-la em dez vezes sem juros no cartão, não tem problema. Mas se eu tenho um furo no meu orçamento e preciso dar conta de várias despesas, jamais deveria financiar isso no cartão de crédito", aconselha.
Costa afirma que os problemas com o cartão de crédito geralmente têm origem no descontrole orçamentário, o que poderia ser resolvido com uma simples planilha.
A secretária Rísia Magalhães costuma fazer compras com o cartão de crédito, meio que lhe é habitual há quinze anos. Ela estima que 20% da sua renda mensal é consumida com o pagamento da fatura.

Rísia vê no "dinheiro de plástico" um facilitador na aquisição de bens. Mas ela conta que fica de olho na planilha para não exceder a capacidade de comprometimento.  "Quando vejo que o orçamento está ficando apertado, deixo de fazer outra coisa, como uma atividade de lazer, para equilibrar as despesas", diz.
Inadimplência cai
O endividamento das famílias cresceu na região nordeste em 2013, passando de 58,9% em 2012 para 65,8% no ano seguinte. Esse índice é superior a média nacional em 2013, de 62,5%.
O mesmo fenômeno aconteceu na Bahia. Entre janeiro e dezembro o número de famílias endividadas cresceu de 45,9% em janeiro para 57% em dezembro. Para Ângelo Guerreiro Costa, o crescimento é natural em uma região que passou a ter acesso ao crédito recentemente.
Mas, por outro lado, o número de baianos que estão com dívidas atrasadas ou que dizem que não poderão pagá-las caiu, de 27, 2% para 21,3% e de 9,7% para 5,6%, respectivamente.
A Tarde

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